Discos de vinil. A volta dos que não foram.
Com o vinil voltando a ser popular mundo afora, seria um sonho poder comprar, em pleno ano de 2016 um toca-discos novo, com a qualidade e durabilidade que, por enquanto, só mesmo um Technics SL-1200 provou que tem. Mas por hora, a realidade ainda é outra, principalmente no Brasil. Por aqui, a venda de discos de vinil é extremamente pequena e nem sequer existe uma estatística do mercado fonográfico para saber se este será realmente um mercado que vai crescer ou é apenas uma moda, influenciada pelos dados de vendas que chegam de outros Países como o estudo publicado pela RIAA (Recording Industry Association of America). Vale lembrar que nos Estados Unidos e na Europa, a fabricação de discos de vinil não parou, como aconteceu aqui no Brasil em meados dos anos 1990, apenas reduziu drasticamente, levando ao fechamento de diversas fábricas por lá. Porém, as que se mantiveram no mercado, continuaram a produzir discos para nichos específicos e diversos labels independentes.
Gráfico de Vendas de Álbuns nos Estados Unidos, segundo os dados da RIAA (Escala X/Y – Milhões de Dólares X Ano de Lançamento)
O que está acontecendo atualmente é o caminho inverso. Antigas fábricas estão reativando suas “pressing plants” e não é somente na Europa e nos EUA que isso está acontecendo. Na Argentina, o Grupo Laser Disc planeja começar a produzir até o final de abril, 40.000 discos mensais. No Chile, a Discos Rio Bueno já trouxe prensas do México para voltar a prensar bolachões em seu País.
O recomeço da fabricação de discos de vinil no Brasil foi uma iniciativa do empresário João Augusto, proprietário da Deckdisc, que comprou a fábrica Polysom, situada em Belford Roxo, Estado do Rio de Janeiro. Em 2010, um ano após a aquisição, já havia reformado prensas e restaurado os equipamentos necessários para começar a produzir os discos. Além disso, no começo deste ano de 2016, já se tem conhecimento de uma outra fábrica para prensar vinis que deve entrar em funcionamento dentro em breve, situada em São Paulo, chamada Vinil Brasil.
Com todos estes fatos apresentados, você deve estar pensando “Ora, mas quantas notícias boas para quem gosta do som analógico”. Sinto desapontá-lo, caro leitor, mas bom mesmo seria se todos nós, reles assalariados amantes de vinis, tivéssemos acesso mais fácil a tudo isso. Deixe-me explicar meu ponto de vista. Seria ótimo se tudo o que precisássemos estivesse bem aqui, ao alcance de nossas mãos, porém o que acontece é que para que seja possível termos discos brasileiros, a matéria prima, o vinil, é importada. Fazendo com que o valor do produto para o consumidor final fique muito alto. Um disco novo de vinil prensado no Brasil, dificilmente é comprado por menos de 80 Reais. Não tiro o mérito dos empresários que enveredaram pelo caminho de trazer o vinil de volta, porém se o preço não diminuir, o nicho de compradores de vinil no Brasil, que já é pequeno, tende a ficar ainda menor.
Outro Calcanhar de Aquiles que enfrentamos no Brasil é a aquisição de aparelhos para tocarmos os discos. Não há mais nenhuma empresa nacional que fabrique esses equipamentos. Se você quiser um toca-discos novo, que cumpra o papel minimamente bem, terá de importar o seu. Por conta disso, até os aparelhos mais baratos lá fora, chegam por aqui a um preço muito, mas muito salgado. Sem falar que por conta da moda dos vinis, existem os equipamentos que eu chamo de caça bobos. São aqueles chineses que algumas livrarias da Brasil vendem a mais de mil reais, tem um visual retrô bonitinho e vem com rádio, entrada USB e caixas embutidas; porém mais parece um brinquedo da Barbie, todo feito de plástico e com uma reprodução horrível do som. Veja o comparativo de preços abaixo.
Comparativo de preços de um Toca Discos novo nos EUA e no Brasil
Ainda bem que há alternativas para quem quer comprar um toca-discos e começar sua coleção de vinis: o mercado de usados.
Tanto para a compra de discos como de equipamentos, há uma variedade grande de opções disponíveis, desde brechós e sebos, até lojas online especializadas. É claro que há 10 anos atrás, essas lojas estavam querendo se livrar do que tinham, pois o resgate pelo vinil ainda não tinha acontecido. Nesta época era possível encontrar discos em ótimo estado de conservação por 1 ou 2 reais. Hoje em dia essa história mudou, e caso você queira comprar um vinil usado em bom estado, irá gastar ao menos 15 reais. Sim, há usados mais caros e mais baratos, porém essa e a média de preços. A mesma coisa se aplica aos equipamentos para tocar os discos de vinil. Em 2005, procurando bem, era possível encontrar um toca Disco Gradiente Direct Drive Quartz DD-100 Q funcionando perfeitamente por 120 reais. Hoje em dia, você dificilmente encontrará o mesmo modelo em perfeito estado de funcionamento por menos de 600 reais. Mesmo com os preços dos usados inflacionados, sempre aconselho aos amigos que queiram entrar no mundo analógico a começarem comprando usados, que apesar de tudo, ainda são infinitamente mais baratos e dependendo do modelo, até melhores sonora e mecanicamente. Logo abaixo algumas sugestões de bons toca discos usados.
Caso você seja um marinheiro de primeira viagem, vale lembrar que as sugestões acima são de toca discos antigos que precisam de um Amplificador, Mixer ou Receiver com Entrada Phono (Entrada Pré-Amplificada) ou não irão funcionar. Atualmente, muitos modelos já vêm com um pré interno e uma chave para mudar de “Phono” para “Line”, como é o caso do Crosley C200 ou do próprio Audio Technica AT-LP120.
E para quem quer ir além de escutar seus antigos bolachões e se aventurar na profissão de DJ, existem muitas outras opções de toca discos novos. É claro que os equipamentos que mostrei até agora cumprem muito bem o papel de tocar, mas com o tempo e a necessidade de mais recursos, você vai ver que seu sonho de consumo será ter um dos equipamentos abaixo. Só uma dica para finalizar, caso você pretenda investir mais de 500 dólares em um toca discos, prefira comprar um Technics Sl-1200 MKII usado. Nesta outra postagem eu te mostro o motivo.